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Desenvolvimento Ágil e Processos
Publicado por Alexandre Valente em Desenvolvimento em 20/09/2009
Esta semana tive a oportunidade de conversar com vários clientes sobre o desenvolvimento ágil e a quantidade de controles e processos que devemos utilizar para suportá-lo. No meu caso, a virada de 180 graus de um desenvolvimento waterfall clássico (com especificação, aprovação e execução) para um desenvolvimento ágil teve como conseqüência inicial a abolição completa de controles e processos – até porque os controles e processos waterfall não se aplicam a um desenvolvimento ágil.
Porém, esta abolição completa está começando a gerar efeito colateral negativo, em dois aspectos: rastreabilidade de decisões e controle de faturamento. A deficiência nestes dois aspectos me foi apontada por clientes e vem sido também sentida internamente pela equipe de desenvolvimento.
A questão da rastreabilidade significa entender, às vezes muito tempo depois da implantação, porque uma determinada funcionalidade foi implementada de uma certa maneira ou porque determinada decisão de negócio (ou de arquitetura) foi feita em detrimento de outras. E, em um desenvolvimento ágil, isto comumente se perde já que os itens de backlog vão sendo implantados e código produzido, ainda que bem comentado, não é suficiente para se manter a visão destas características. Embora as práticas ágeis não sejam contra a documentação (muito ao contrário), fica a questão do quanto e como se documentar. Uma documentação que não seja realmente útil significa gastar horas que poderiam estar melhorando o ROI gerando novas funcionalidades.
A questão do faturamento do trabalho produzido por uma equipe ágil também é um ponto problemático.Mesmo assumindo que o cliente já tenha comprado a idéia de usar uma metodologia ágil, ainda assim ele vai querer uma contabilização do que foi gasto e aonde. E embora o product manager e o cliente específico da funcionalidade tenham uma comunicação extensiva, muitas vezes existem outras pessoas para as quais é importante prestar conta das atividades realizadas. Ainda que a produtividade seja alta, algumas vezes é difícil se ter uma visão do trabalho gerado em cada interação, especialmente em longos períodos de tempo.
Desta forma, nestes dois aspectos, é necessário se definir artefatos e processos mínimos que sejam capazes de gerar e armazenar estas informações. No nosso caso, o que temos feito é tentar automatizar estes processos através de sistema interno específico, para minimizar o tempo despendido na geração destes artefatos e para padronizar as informações produzidas. Assim, para a gestão do backlog, controle das atividades realizadas em cada iteração e armazenamento de notas referentes às tarefas realizadas, estamos desenvolvendo um produto web específico que denominamos Iterator. Nele, teremos a gestão do backlog, a definição das iterações com as específicas tarefas, um amplo suporte a notas, descrições e arquivos anexados a cada tarefa e uma visibilidade por perfil. Ele possui também um módulo windows que é utilizado pelos desenvolvedores para apontar, de maneira simples, rápida e minimamente intrusiva, as atividades em que atuou, permitindo a visibilidade pelos membros da equipe e stakeholders do projeto.
Alguns podem achar que desenvolver um sistema internamente para isto é um overkill, já que existem alguns produtos voltados à gestão e controle do desenvolvimento ágil. Porém, os melhores que analisamos ou são caros (outro conceito relativo, mas caros no nosso cenário) ou são voltados exclusivamente para a gestão de backlog (sem o lado de faturamento) ou simplesmente são muito complexos para se adotar, gerando custo excessivo de treinamento e adaptação. Desta forma, acredito que o custo de desenvolvimento do Iterator (que com o framework, não é tão alto assim), acaba sendo compensado por estes fatores. Finalmente, existe o objetivo de transformá-lo em um produto, o que traz outras compensações.
Se alguém possuir necessidades similares ou que use um produto que não atenda completamente e quiser influenciar no desenvolvimento, basta entrar em contato. Conforme formos evoluindo e quando tivermos algo disponível publicamente, eu notifico a todos por aqui. Até a próxima.
Produtividade – Conclusão
Publicado por Alexandre Valente em Desenvolvimento em 11/09/2009
Oi pessoal, este é um último post da série sobre produtividade. Nos anteriores, eu descrevi a infra-estrutura de desenvolvimento que é usada pela minha equipe atualmente. Toda esta infra-estrutura nada mais é do que uma ferramenta utilizada por nós para se realizar a construção de sofware. Nossos clientes, na grande maioria dos casos, não se preocupam se o software é feito em C# ou em Clipper, ele quer saber se o que ele precisa é barato pra fazer e manter e se é simples e fácil de usar.
Assim, eu vejo esta infra-estrutura toda muito com esta visão pragmáticas, de ser algo que deve permite entregar ou modificar rapidamente uma funcionalidade de negócio, sendo produtivo na hora de atender uma necessidade. Isto faz a diferença para mantermos o nosso cliente satisfeito, com retorno que ele julgue satisfatório para o que ele gasta para se construir software.
Neste sentido, estou bastante satisfeito com a nossa infra-estrutura. Ela é rápida para se iniciar algo do zero, muito rápida para se fazer coisas triviais (como CRUDs) e tão ou menos complexa que outras alternativas para se fazer coisas complicadas. Acho que isto o máximo que podemos esperar de qualquer framework. O meu pragmatismo é aplicado todo o tempo e qualquer alteração no framework (que é sempre caro pra fazer) se justifica somente se ela vai trazer mais produtividade em algum aspecto. Usando o framework atual, estamos conseguindo colocar no ar uma aplicação nova, com controle de acesso (vou detalhar mais isto em posts futuros), estrutura básica e layouts iniciais em poucas horas. Fazer um CRUD de uma entidade leva menos de 15 minutos, considerando do tempo de criação da tabela ao final da tela!
Claro que a produtividade final não depende somente da infra-estrutura. Na minha experiência, 90% do tempo de construção (ou manutenção) de qualquer aplicativo grande fica restrito a umas poucas telas de maior complexidade. Assim, é importante saber trabalhar com o cliente no sentido de minimizar a existência deste tipo de interface. Neste sentido, acho que fazer software não é só entender a necessidade de negócio, é também saber o que é simples ou não de fazer e propor soluções funcionais que sejam mais fáceis de desenvolver. Desta forma, a maneira como se desenvolve acaba também influenciando a necessidade, em uma via de duas mãos. Daí a importância de quem está entendendo a necessidade conhecer muito bem como aquilo vai ser feito, sob pena de se orçar muito mal ou se gastar muito para fazer, com prejuízos para o cliente ou para a própria empresa que desenvolve. Este é um conceito que parece que muitas “analistas” não compreendem, e a causa da falha ou prejuízo de muitos projetos.
Ainda tenho muitas melhorias a serem feitas neste framework. Ainda existem tipos de telas que podem ser melhor suportados, novas funcionalidades que podem ser integradas e alguns serviços que estão sendo refatorados a todo tempo. Porém acho que ele já está maduro o suficiente pra ser empregado em qualquer sistema. Existem áreas para as quais eu ainda não tenho uma solução boa. A geração de relatórios é uma delas. Gerar relatórios na web em geral é algo complexo, pois é difícil montar os layouts e nós sempre encontramos com uma série de limitações de desempenho e banda causadas pelo volume transitado. Não gosto de nenhuma das alternativas existentes atualmente e ainda estou buscando uma que me permita fazer gerar uma DSL e que tenha um comportamento preditível. Informo aqui quando encontrar!
Espero ter contribuído para quem teve a paciência de ler até aqui. Como citei no início, esta infra-estrutura é um exemplo que é difícil de ser replicado para outras equipes ou de suportar uma escalabilidade maior, já que ele exige um treinamento e conhecimentos muito específicos. Mas acredito que os princípios sejam gerais, e possam ser aplicados a outros cenários. Nos próximos meses eu vou adicionar adendos a esta série toda vez que houver uma evolução ou fato novo referente ao framework ou relativo à produtividade em si. Até a próxima.
Produtividade – Camada de Interface Parte 1
Publicado por Alexandre Valente em Desenvolvimento em 05/09/2009
Em mais um post sobre a série sobre produtividade, vou escrever sobre a camada de interface. Por interface eu me refiro à web, já que é raro nós termos grandes desenvolvimentos de aplicativos Windows – e mesmo nestes casos não é algo problemático, o desenvolvimento em Windows Forms do .NET é bastante tranqüilo para aplicações de pequeno porte. Intrefaces baseadas em serviços também são super simples para serem construídas, ainda mais usando a WCF Factory. Assim, o foco é a construção de páginas web. Para não tornar este post muito longo, eu o dividi em duas partes.
Na minha experiência, o desenvolvimento de interfaces web é onde se gasta mais de 90% do tempo de desenvolvimento e manutenção de qualquer sistema de médio ou grande porte. É também onde a evolução tecnológica se faz mais sentir, a disseminação de uso do AJAX, por exemplo, mudou completamente o modo como se desenvolve para web. E para os usuários, a qualidade da interface e navegabilidade muitas vezes é um dos maiores fatores de sucesso ou fracasso de um sistema, fazendo com que o investimento nestes artefatos seja primordial.
Para ilustrar o que busco, vou começar descrevendo o que pra mim é o pior cenário possível para interfaces. Tenho certeza que quem desenvolve para web já viu algo assim em algum momento da carreira. Todo sistema começa bem e o ASP.NET WebForms ainda é o método mais comum de construção utilizado. Assim, no início da vida do sistema, as telas são feitas de maneira mais ou menos rápida. Porém com o tempo, os usuários pedem evoluções para suportar algo pouco usual, um ou outro desenvolvedor menos experiente acaba colocando sua “contribuição” para as telas e o que antes era simples se torna extremamente complexo. Depois de alguns anos (ou meses, dependendo do sistema), o que temos é uma coleção de aberrações, cada tela com código específico, com coisas indo pra sessão outras para viewstate, código inline (com o famigerado <% %>), regras de negócio em .cs de páginas (ou ainda, pesadelo dos pesadelos, no mais famigerado <% %>). Se o sistema foi portado do ASP então, a visão dantesca se completa, pois nestes caos é difícil encontrar qualquer coisa minimamente estruturada. O uso de componentes de terceiros ou frameworks só complica, pois também tendem a gerar ainda mais telas fora do padrão, com todos os tipos de “puxadinhos” imagináveis. Ou seja, em casos como este é muito mais fácil refazer a aplicação do que tentar arrumar. Porém quando se resolve reconstruir, o ciclo se repete e daqui a alguns anos (ou meses!) está tudo como era – normalmente deixando mais um legado para se manter, para a infelicidade de quem ficou.
Como resolver isto? Como desenvolver rapidamente e ainda assim gerar sistemas que não se autodestruam com a manutenção/evolução? A solução que eu uso são frameworks de interface que tentam garantir a estruturação das interfaces de uma maneira que facilite que os desenvolvedores fiquem em um padrão pré-estabelecido e ao mesmo tempo tentando gerar o máximo de flexibilidade possível. Nesta linha, eu tenho sistemas desenvolvidos há quase oito anos que continuam bem estruturados. Naquela época a amarração era tão forte que as telas produzidas eram muito simples, gerando sistemas de usabilidade ruim, comparando com os atuais. Porém existem vários operando até hoje que são simples de manter e (até hoje) de evoluir. De lá pra cá a evolução do framework já permite gerar telas extremamente amigáveis, mantendo ainda os níveis de manutenabilidade originais. Claro que esta não é uma solução para qualquer empresa ou time, o nível de treinamento e envolvimento com o framework é muito alto para ser facilmente replicável. Mas no nosso caso está sendo muito bem sucedido.
O framework utiliza um tipo de padrão MVC, porém com uma separação clara em 4 componentes: 1) Estruturas de Interface – aqui entram caixas de texto, checkbox, botões, listas etc. São itens que contém os dados sendo apresentados e que serão manipulados pelos usuários. 2) Layout – que é como as estruturas de interface são mostradas em tela. No layout entra toda a parte visual como estilos, manipulação visual (via jQuery por exemplo), controles, figuras e até coisas como uso de janelas popup ou chamadas AJAX. 3) Dados – utilizando um conceito que também utilizado no Microsoft Sharepoint, definido em uma ilha de dados XML que contém todas as informações que serão utilizados pela interface. 4) Controllers – controladores da interface, onde os dados são construídos e as ações executadas, fazendo uso das entidades de domínio e chamando os serviços da mesma.
Separando desta forma, fica fácil notar quais elementos são afetados quando há uma mudança, fazendo com que a mesma impacte o menos possível os demais. Esta estruturação faz com que o desenvolvimento de novas telas seja concentrado em 2 pontos, na definição de estrutura de interface e nos controllers. A clara separação existente evita que uma área afete outra.
Na minha experiência, o Layout é um dos pontos que mais evoluem na interface. Embora em linha gerais ele fique estático (p. ex., pode se definir que o sistema vai ter um cabeçalho com o nome do sistema, usuário logado e menu; no meio com uma área de formulários e listas e com inclusões em popup, tudo usando Ajax), as pequenas modificações acabam sendo freqüentes. É a inclusão de um novo elemento no cabeçalho, o suporte de uma lista hierárquica, um novo tipo de componente e assim por diante. Para garantir que não aja uma mistura de responsabilidades, eu uso XSLT para a definição de todos os artefatos de layout. Este é um dos pontos de maior dificuldade de aprendizado no framework, já que não é usual que desenvolvedores usem diariamente XSLT. Mas, como falei no post sobre princípios, o XSLT é uma linguagem declarativa que evita o uso de código imperativo e o uso de artefatos como sessão, viewstate etc. E uma vez dominado, o XSLT é extremamente eficiente para se gerar o HTML final (sem falar que já gera o HTML correto!).
Para gerar o HTML final, os arquivos XSLT de layout utilizam duas fontes de transformação: os dados e a estrutura de interface. Isto já faz com que os dados tenham que ser facilmente descritos em XML. Eu vou a um ponto mais extremo, fazendo com que todos os nossos dados sejam descritos somente em XML – também como é feito no Microsoft Sharepoint. Com isto, minimizamos o uso de objetos DTO e tornamos a estrutura de dados da interface completamente maleável e fácil de evoluir.
Finalmente, a estrutura de interface também deve ser descrita em XML, para que seja facilmente transformável. O que fizemos foi criar uma DSL, integrada ao Visual Studio (com intellisense, claro), para descrever cada elemento de interface. Vejam como fica um exemplo simples de um formulário de login:
Exemplo de DSL de Interface:
<Form defaultFocus="Login">
<Field data="Login" type="textbox" required="true" label="Login" />
<Field data="Senha" type="textbox" required="true" label="Senha" password="true" />
<Command label=”Logar” action=”Login”/>
</Form>
Exemplo de XSLT de Layout (super reduzido para efeito de ilustração):
<xsl:stylesheet version="1.0" >
<xsl:template match="Form">
<html>
<body>
<form method="post">
<xsl:apply-templates select=”Field|Command” mode=”Control”/>
</form>
</body>
</html>
</xsl:template>
</xsl:stylesheet>
No XSLT acima, cada Field é transformado em um input box e o Command em um button. Percebam que não há código inline – não existe o <% %>. Este tipo de arquitetura era muito dificil de ser construída e mantida no ASP.NET Webforms, o que tornava o framework bastante complexo. Felizmente com o advento de bibliotecas MVC, isto ficou muito mais simples. Inicialmente, criamos uma View Engine para suportar esta DSL no Castle Monorail. Com o advento posterior do ASP.NET MVC, criamos uma a View Engine para ele que funciona com exatamente a mesma DSL e os mesmos arquivos de layout. Esta migração mostrou a capacidade de evolução do framework, o que me deixa tranquilo para encarar a manutenção dos nossos sistemas por, quem sabe, outros 8 anos por vir.
No próximo post vou explicar como as ações são executadas e entrar nos detalhes dos controllers, mostrando como isto tudo se integra.
Até breve!
Produtividade – Princípios
Publicado por Alexandre Valente em Desenvolvimento em 29/08/2009
Continuando a série sobre produtividade, e antes de entrar em detalhes da nossa plataforma atual, vou relacionar alguns princípios que utilizo quando o assunto é produtividade.
- Uso de tecnologia de ponta – como citado no post anterior, eu acredito que a incorporação de uma nova tecnologia ou framework só deve ser feita quando há um ganho claro mensurável. Nossa indústria muda muito rapidamente e muitas frentes às vezes aclamadas como excelentes práticas podem cair em desuso daqui a alguns meses. Isto posto, é fundamental estar atualizado, pois a todo tempo surgem soluções ou práticas que definitivamente podem gerar ganhos de produtividade. Eu me considero um dos últimos dos “early-adopters”, ou seja, nossa plataforma usualmente tem quase tudo que é de ponta, porém normalmente não sou um dos primeiros a adotar uma determinada novidade.
- Dogmatismos e guerras religiosas – Na nossa indústria é muito comum encontrar pessoas que defendem práticas ou teorias simplesmente por elas terem sido definidas, não importando que finalidade ou benefício possa advir do uso delas. Minha visão sobre isto não poderia ser mais pragmática, acredito que temos que conhecer muito bem a teoria e os conceitos envolvidos, porém o uso é condicionado ao ganho que possa ser obtido. Mesmo que isto signifique “deturpar” uma teoria ou usar somente uma parte dela. Nosso negócio não é o purismo e sim a produtividade, portanto, pra mim, não há espaço para dogmatismos. Tenho vários exemplos sobre este tema. Um muito comum é sobre “modelos anêmicos”, que tentam fazer um purismo OO quando, na minha experiência, isto causa mais problemas do que ajuda (mais sobre isto no post da camada de domínio). Não tenho nenhum problema em ter uma visão procedural de serviços, se desta forma estamos sendo mais produtivos. Outra é sobre uso de “patterns” conhecidos. Muitas pessoas ficam olhando um problema e tentando identificar e classificar aquilo em um pattern quando algumas poucas linhas de código já poderiam ter resolvido o problema há muito tempo. Quanto mais patterns conhecermos melhor, mas se usar não é intuitivo, algo provavelmente não está certo.
- Complexidade – Desenvolver sistemas significa fazer tarefas complexas. Mas para mim, a complexidade deve estar sempre que possível escondida das tarefas do dia a dia. Por exemplo, um framework de domínio vai ter áreas muito complicadas para se projetar e construir. No entanto, usar um framework de domínio deve ser algo simples. A todo o tempo eu avalio o esforço para se esconder as complexidades de tarefas comuns e quando há um potencial, isto é feito. Claro que a tarefa tem que ser comum o suficiente para compensar o esforço de encapsulamento; não faz sentido fazer um framework para uma tela que será desenvolvida uma única vez. CRUDs são usualmente candidatos a usar frameworks, pois todos os sistemas possuem várias telas deste tipo. Um corolário disto é que se for possível automatizar algo com o uso de DSLs, eu vou considerar esta opção de maneira muito favorável. DSLs tornam as tarefas do dia a dia mais simples, então pra mim isto significa produtividade direta. Infelizmente fazer uma DSL ainda é algo muito complexo, e utilizar uma pronta que não tenha nenhuma área de conflito é raro – se ela não se encaixar bem, não vai ser produtivo usar. Um exemplo muito bem sucedido na nossa equipe é o ActiveWriter, que é uma DSL para se gerar entidades de domínio. Atualmente nossa plataforma de domínio está tão boa que nossos desenvolvedores quase que esquecem que ela está lá, trabalhando com uma interface gráfica para desenhar entidades e gerando a maior parte do código com geradores automáticos. Outros exemplos nesta linha são o uso de interfaces fluentes, operadores customizados e assim por diante.
- Manutenabilidade – Este é um conceito sujeito a muitas guerras religiosas. Para muitos desenvolvedores, a busca da uma manutenabilidade máxima é o objetivo final, mesmo que isto não seja necessário. Na minha visão, a manutenabilidade de um sistema moderno está ligada a duas áreas: facilidade de alterar interfaces e facilidade de entender e identificar as regras de negócio. As demais áreas complexas (frameworks, camadas de domínio etc.) serão complexas, não importa quão bem feitas sejam. Então não adianta tentar deixá-las super simples de dar manutenção; se a equipe que as projetou não estiver disponível, vai ser difícil alterar. Claro que boas práticas de programação devem ser usadas nestas áreas, mas daí a tentar fazer algo universalmente simples pode ser um esforço inviável. No meu caso, eu me preocupo com telas e regras de negócio. Em termos de regras, temos tido bastante sucesso, hoje temos sistemas legados de quase 10 anos que ainda são simples de ter regras de negócio alteradas. Telas são um pouco mais complexas, pois a tecnologia mudou muito nos últimos anos, mas mesmo assim temos tido um razoável sucesso. Mais sobre isto no post referente a interfaces.
- Linguagens Declarativas – Outro tema polêmico, linguagens declarativas são linguagens que se propões a dizer o que deve ser feito ao invés de como deve ser feito. Exemplos são linguagens como SQL ou XSLT e qualquer outra DSL. Na minha visão, este é um dos maiores fatores de produtividade, pra mim linguagens declarativas SEMPRE são ordens de grandeza mais produtivas do que linguagens imperativas (C# etc.). Assim, no nosso caso, muitas extrações são feitas em SQL direto. Ultimamente HQL também tem sido uma excelente opção. (Obs.: não acho que regras de negócio devam estar em stored procedures, já que regras de negócio são procedurais e portanto, imperativas por natureza). E no nosso caso, o uso de XSLT é prevalente nas interfaces. Apesar de ter uma curva de aprendizado significativa, a minha opinião é que o esforço para aprender XSLT é sempre é retornado muitas vezes em produtividade – mais sobre isto no post sobre interfaces.
- Perfil da Equipe – Por último, um tópico que foi abordado no post anterior. Minha opinião é de que ter pessoas inexperientes vai afetar negativamente a produtividade, em qualquer cenário. Como visto nos itens acima, trabalhamos com todas as tecnologias de ponta, o que significa uma grande formação básica necessária. Na nossa equipe é muito raro um novo membro, por mais experiente que seja, não ter um tempo de adaptação de um ou dois meses. Para desenvolvedores inexperientes, este tempo seria muito maior, afetando de maneira drástica a produtividade geral da equipe. Este é um grande problema pois profissionais bons são raros, e uma troca de pessoal freqüente também afeta de maneira significativa a produtividade. Não vejo solução para isto, o que faço atualmente é ter pessoas chaves liderando as equipes que possam absorver eventuais necessidades por troca de pessoal, mas esta troca inevitavelmente vai diminuir a produtividade.
O próximo post é sobre a camada de dados de de domínio. Até breve.
Response.Flush()
Publicado por Alexandre Valente em Uncategorized em 27/07/2009
Nestes últimos 2 dias eu perdi um tempo impressionante com algo que em tese deveria ter sido extremamente simples de fazer, tipo 5 minutos… A idéia era fazer um página que iria rodar uma operação longa ir mostrando o andamento da operação, algo como “Passo 1 executado”, “Passo 2 executado” e assim por diante…
Como a regra de negócio estava pronta, achei que fosse trivial ir gerando as tags <p> e ir mostrando o andamento com flushs… Não poderia estar mais errado! Inicialmente tentei usar o HtmlWriter do Render pra ir fazendo os Writes intercalados com os Response.Flush() (fiz um teste com Sleep() pra simular o processamento). Mas não funcionou, ele mostrava a página só no final, com todos os passos de uma vez.
Aí comecei o processo conhecido de buscar no google alguma dica ou esperiência pra entender o que estava errado. Nem precisa falar que o help da MSDN era inútil, aliás copiei e colei o exemplo deles e mesmo comportamento. Comecei a ver que este é um problema para muitas pessoas, aparentemente em algumas situações o Response.Flush() simplesmente não funciona e um mesmo código que funciona para um (como o exemplo da MSDN) não funciona pra outros.
Claro que deve ter algo na página ou no ambiente que faz com que este probelma apareça. Gastei umas boas 4 horas tentando eliminar o que era, utilizando as dicas que achei de pessoas no google para tentar mapear o que era. Mas a questão é que parecia que vários tipos de problemas acabavam se sobrepondo, o principal sendo um próprio entendimento do que o Flush() deveria fazer. Na minha visão (e na visão de várias pessoas que eu vi), ele deveria simplesmente fazer com que o conteúdo gerado até ali fosse para o browser. Mas até sobre isto haviam dúvidas. E aí vinham várias receitas, pra ligar ou desligar buffer, pra fazer com código <% %> intercalado na página ou em determinado evendo em code-behind e até para fazer várias vezes em sequência o comando Flush() para que ele funcionasse! Nenhuma alternativa funcionou pra mim, fui dormir para tentar de novo no dia seguinte.
No dia seguinte, mais 2h. O tempo gasto nisto já estava absurdo e poderia até ter feito com javascript simples, mas vocês sabem, vira questão de honra! Continuando as busca no google, achei um comentário dizendo que uma instrução específica, faria toda a diferença: Response.BufferOutput = false. E neste cenário, realmente funcionou, mas somente no código aspx direto! Já que neste caso estava funcionando, comecei a tentar isolar o que realmente causava o probelma. Mas não tive sucesso, qualquer pequena alteração fazia com que o código deixasse de funcionar. Desisti, o código final ficou desta forma:
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Enfim, é impressionante como perdemos tempo com coisas triviais. Esta do Response.Flush é mais um exemplo. Fazer software é muito bom, mas este tipo de coisa não é muito!